Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres a Cidadãos Brasileiros: Para Que Serve?

14 March 2025
Danielle Avidago
Tomás Melo Ribeiro

 Danielle Avidago | Consultora de Imigração

Que a ligação umbilical entre Portugal e Brasil é secular, não é nenhuma novidade. Considerar os dois povos como irmãos e partes de uma mesma família, é pouco para descrever essa relação, que começou de forma opressiva e violenta, mas que perdura no tempo como portadora de respeito mútuo, compreensão e amizade. 


Com o intuito de manifestar essa atual relação pacífica e respeitosa entre o Brasil e Portugal e fortalecer os seus laços, unidos por interesses convergentes, os dois países celebraram a 22 de abril de 2000 o chamado Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa. Assinado no Porto Seguro, Brasil. O Tratado entrou em vigor em 2001, elencando uma série de direitos e deveres que cabem tanto a portugueses como se fossem brasileiros no Brasil, e a brasileiros como se fossem portugueses em Portugal.


O Tratado ainda prevê uma maior colaboração e cooperação na diplomacia entre os dois países, nomeadamente nas áreas da defesa e segurança, justiça, mais especificamente no ramo do direito penal, redes consulares mais eficientes e diretas, e na área da migração. Apesar de algumas dessas áreas não impactarem diretamente os cidadãos brasileiros e portugueses, é de extremo relevo para a manutenção dessa amizade transatlântica.


 Em Portugal, esses direitos e deveres são manifestados através da emissão do Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres, que pode ser solicitado desde que o requerente seja maior de idade e possua uma autorização de residência válida. Alguns desses direitos são: a equivalência de acesso à educação, podendo brasileiros pagar as mesmas propinas que portugueses; mais facilidade na equivalência de notas e graus académicos; mais oportunidades e tipos de bolsas de estudo que seriam apenas destinadas a portugueses; intercâmbio cultural e académico mais facilitado; desempenhar funções em órgãos de sociedade; candidatar-se a cargos públicos; e acesso ao sistema de saúde público. Estes são apenas alguns dos direitos e deveres que esse Estatuto fornece.


Na área migratória, a isenção de visto não só para turismo, mas também para atividades culturais, empresariais ou jornalísticas que não excedam 90 dias também existe graças a esse Tratado, que muitos também chamam Tratado de Porto Seguro.


Além do Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres após 3 anos de residência legal em Portugal o cidadão brasileiro pode requerer o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres Políticos. Com esse estatuto, o portador pode votar em eleições autárquicas e, decorridos 4 anos de residência, pode até ser candidato a Presidente da Junta de Freguesia, por exemplo. Esse Estatuto tem, no entanto, um porém: ao desejar participar da vida política portuguesa, o cidadão brasileiro perde o direito de participar da vida política do Brasil. 


Outro benefício desse estatuto é o direito a solicitar um Cartão de Cidadão. É isso mesmo, além da sua autorização de residência, o portador do estatuto tem direito a um cartão de cidadão que confere os mesmos direitos que um nacional português, a única diferença sendo a menção da nacionalidade, que continua a ser brasileira. As exceções aos direitos e deveres que cabem aos cidadãos brasileiros portadores de um cartão de cidadão são, por exemplo, não poderem candidatar-se a Presidente da República, nem seguir uma carreira diplomática em nome de Portugal.

*Imagem ilustrativa do Cartão de Cidadão brasileiro, emitido ao abrigo do Tratado de Porto Seguro.

Além da possibilidade de usufruir com mais facilidade e comodidade dos direitos que o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres fornece, o cartão de cidadão torna-se no seu principal documento de identificação no país e nas suas viagens pelos vários Estados Membros da União Europeia. Por outro lado, a autorização de residência apenas confere o título de residente legal no país. Um documento depende, no entanto, do outro: a validade do seu cartão de cidadão é a mesma que a da sua autorização de residência.


Seja porque não lhe convém esperar 5 anos para ter os mesmos direitos e contribuir para o país como um português, ou porque sequer deseja solicitar a nacionalidade portuguesa, esse cartão de cidadão, em conjunto com os Estatutos acima descritos, é uma ótima forma de oficializar o seu vínculo com Portugal e facilitar a sua vida diária no país. Com o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres numa mão, e o cartão de cidadão noutra, fica mais fácil para você chamar Portugal de casa, e para Portugal lhe chamar cidadão.


Se você quer se sentir e ser tratado como um cidadão português e europeu, sem, ao mesmo tempo, abdicar da apaixonante identidade cultural que define o significado de “ser brasileiro”, o Estatuto e o cartão de cidadão são as melhores opções para si. E será uma honra para nós o ajudarmos a ser português, sem deixar de ser, também, brasileiro.



by Joana Loureiro Veríssimo 28 July 2025
Joana Loureiro Veríssimo | Lawyer
24 July 2025
A new National Unit for Foreigners and Borders (UNEF) has been created within the Public Security Police (PSP), taking over key responsibilities from the former SEF. UNEF will handle airport border control, visa issuance, foreign nationals oversight, and related operations.
by Danielle Avidago 18 July 2025
Danielle Avidago | Immigration Consultant
Short-term leases are lawful in Portugal if legal and factual rules are observed.
by Tomás Melo Ribeiro 17 July 2025
Due to stricter AL rules in urban Portugal, many owners now turn to short-term residential leases to earn legal rental income outside tourist accommodation laws.
On 16 July 2025, the Portuguese Parliament approved major changes to immigration law
16 July 2025
On 16 July 2025, the Portuguese Parliament approved major changes to the legal framework governing immigration (Law no. 23/2007). The reform ends the manifestação de interesse mechanism, tightens rules for job-seeker visas and family reunification, and sets a final deadline for transitional applications.
11 July 2025
The Portuguese Parliament has decided to postpone the vote on the proposed amendments to the Nationality Law until September 2025. The decision was taken in a meeting of the Committee on Constitutional Affairs, Rights, Freedoms and Guarantees, following pressure from several political parties who requested more time to assess the implications of the proposed reform. The delay allows for additional hearings with legal experts, immigrant associations and civil society representatives before a final vote is held in plenary session. The proposed reform introduces significant changes to the current legal framework for acquiring Portuguese nationality. Among the most impactful measures is the extension of the minimum legal residence period required before applying for naturalisation. Under the new proposal, this period would increase from the current five years to seven years for nationals of CPLP countries (Community of Portuguese Language Countries), and to ten years for applicants from all other countries. Another major change concerns the introduction of mechanisms to revoke Portuguese nationality . According to the proposal, naturalised citizens who are convicted of serious crimes — defined as those resulting in prison sentences of five years or more , within ten years of acquiring nationality — could see their Portuguese citizenship revoked by a court decision, based on a proposal from the Public Prosecutor’s Office. In addition, the reform would tighten the requirements for acquiring original Portuguese nationality through birth in Portugal. For children born in Portuguese territory to foreign parents, it would become mandatory that at least one parent has been residing legally in Portugal for a minimum of three years , instead of the current two years. Although the government initially intended to approve these changes before the summer recess, political consensus has not yet been reached. Left-wing parties have raised concerns regarding the constitutionality of retroactive revocation of nationality and the potential impact on the rights of long-term residents and immigrant communities in Portugal. In response, the parliamentary committee agreed to postpone the process and schedule a new round of expert hearings in early September. A final vote on the reform is now expected to take place later that month. Until then, the current version of the Nationality Law remains in force , including the five-year legal residence requirement for naturalisation. Applicants who meet this requirement and wish to apply under the current rules may still do so in the coming weeks.
Get a residence permit in Portugal via the EU Blue Card for skilled professionals.
by Sara Sbai Oliveira 11 July 2025
Law No. 53/2023 transposes the EU Blue Card Directive into Portuguese law, improving conditions for highly skilled non-EU nationals to live and work in the EU.
Portuguese law offers remedies, but claiming them requires legal and procedural know-how.
by Margarida Tempera 8 July 2025
Hiring a contractor in Portugal should be simple, but unmet terms can lead to financial loss and legal issues, especially for clients unfamiliar with local rules.
When an individual considers securing European citizenship, one country often stands out: Portugal.
by Danielle Avidago 7 July 2025
Portuguese nationality law requires more than just having a Portuguese spouse or grandparent—it also demands proof of a meaningful connection to Portuguese society.
More posts